quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ternura




Eu te peço perdão por te amar de repente

Embora o meu amor

seja uma velha canção nos teus ouvidos

Das horas que passei à sombra dos teus gestos

Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos

Das noites que vivi acalentando

Pela graça indizível

dos teus passos eternamente fugindo

Trago a doçura

dos que aceitam melancolicamente.



E posso te dizer

que o grande afeto que te deixo

Não traz o exaspero das lágrimas

nem a fascinação das promessas

Nem as misteriosas palavras

dos véus da alma...

É um sossego, uma unção,

um transbordamento de carícias

E só te pede que te repouses quieta,

muito quieta

E deixes que as mãos

cálidas da noite

encontrem sem fatalidade

o olhar extático da aurora.


Vinícius de Moraes

2 comentários:

  1. Ah muito bom gosto pra seleção heein! Amo o Vinícius ! Passa lá no meu blog, é novo.. beijos

    ResponderExcluir
  2. Ah, obrigada.
    Sou uma amante das poesias mais tradicionais.
    Que bom que gostou, volte sempre ;)
    beijos.

    ResponderExcluir